Tenho um amor irracional por aqueles que realmente me entendem. Não que leiam a minha mente e me digam tudo que eu sinto e não percebo e não consigo organizar dentro de mim, mas que saibam diferenciar meus reais intuitos dos desvios de caminho que sem querer acabo por fazer. Sabe, aquelas pessoas que sabem que aquele errinho não foi por mal. Eu erro muito (mesmo sabendo que pequenos erros acabam virando bola de neve). Sou indecisa, insegura e a minha desconfiança é outro nível, duvido até daquilo que dizem que não tem chance de dar errado. Operadores de parque de diversão que o digam.
Sempre fui do contra, a aula é de matemática mas eu tô lendo o texto de história – Isso explicaria minhas notas baixas. Algumas preferências estranhas, livros desconhecidos, reportagens de economia, filmes de cachorros, desenhos animados antigos e lugares lindos, porém nenhum coleguinha conhecia. Sem vídeo-game, filmes de luta, joguinhos de mão (não sei qual o nome certo) ou qualquer coisa que envolva a vida de quem estudava comigo na terceira série. Resumindo, eu era a perdida da história. Nunca sabia do que tava acontecendo com resto do mundo, amava a minha vida e os outros pouco importa.
Claro, uma hora eu iria cansar disso e acharia muito atraente a ideia de ter vários amigos. Pois bem. Eu comecei a ouvir o papo das meninas e dos meninos. A fazer educação física e ficar passeando pelo pátio (até hoje detesto isso). Mas sempre me sentia meio deslocada, ninguém era realmente amigo ali, mas eu pensava o que certo era continuar correndo atrás. Ok. Terrível erro. Depois de achar todo mundo fútil, idiota e sem conteúdo, desisti das pessoas e desejei ser um gato, cachorro ou passarinho.
A vida deles deveria ser bem mais fácil. Acho que a partir da sétima série parei de me importar tanto com essa história de companhia. Um livro e boa música era o suficiente. Outro ponto importante, graças ao meu pai, fui descobrir que existiam outros ritmos além de MPB com uns 8 anos. As meninas gostavam de kelly key e eu nem sabia da existência dela. Meu negócio era outro. Era praia, mar, fim-de-tarde laranja, várias fotos, pitanga do pé e alimentação mais que saudável.
Aí chega o mundo e acaba com a minha bolha. Seus insuportáveis. Antes eu pensava que todos ao meu redor sabiam que eu estava sozinha porque não me entendia com ninguém e enjoava de tudo e tudo enjoava de mim. Grande problema. Acho que nessas mil tentativas frustradas de me enturmar eu conheci tanta gente que aparentava perfeição mas era destruída por dentro, que não era qualquer coisa que realmente me deslumbrava. Ninguém era tão interessante assim eu comecei a ter preferência pela solidão. Outro grande problema.
Mas é vida é mágica e linda e eu conheci pessoas das quais me refiro no início do texto. Aquelas que sabem que quando a presença é real companhia, eu quero sempre. Fujo de pessoas que me deixem incomodada, mas amo um bom papo. Sério. E por mais que escolher bem quem vai estar por perto tenha as suas desvantagens, nenhuma delas é maior do que o encontro quase surreal de almas que se entendem e se respeitam. É lindo e puro. E por mais que digam que eu deveria ser mais simpática e dedicada, eu tô no caminho certo, no meu caminho.